Educação

A estrutura da educação aqui em Aruba segue o modelo holandês. A educação é praticamente gratuita, só é necessário pagar uma anuidade, que vai subindo de acordo com a escolaridade. Essa anuidade é bem pouquinha, para se ter uma idéia: para o que seria equivalente ao ensino médio do Brasil paga-se uns 250 reais e para a minha filha que está na pré-escola, paga-se uns 120 reais. Lembre-se: por ano.

Isso só é possível devido ao altíssimo investimento do governo em educação. Os arubianos tem orgulho de dizer que o percentual do orçamento do governo que vai para a educação é um dos mais altos de toda a América Latina.

Uma grande diferença em relação ao ensino holandês é que aqui a educação não é obrigatória. Embora eu mesma não conheça nenhuma criança que não esteja sendo escolarizada, eu sei que elas existem. Às vezes, eu faço compras na parte da manhã e sempre me estranha ver alguma criança acompanhando a mãe nesse horário. As escolas sempre são na parte da manhã, assim como na Espanha e na Holanda. Eu não conheço nenhum país, além do Brasil, que tenha escolas funcionando à tarde. Existe um projeto para tornar a educação obrigatória, a partir dos 5 anos, como na Holanda. Ao parecer, a partir do próximo ano.

O governo subsidia quase todas as escolas particulares, o que faz com que o ensino privado custe o mesmo que o público. Uma das razões é que não existem escolas públicas em número suficiente para atender a demanda, então acaba sendo mais prático subsidiar o ensimo privado que construir novas escolas. O subsídio não vai para a escola, mas sim para uma fundação que coordena as escolas. Existe a fundação que cuida das escolas católicas (que são em maior número que todas as outras escolas juntas), a fundação de escolas protestantes/cristãs, a fundação de escolas adventistas e a fundação de escolas evangélicas. Eu só sei de duas escolas que não recebem subsídio e que são privadas mesmo, do tipo que conhecemos no Brasil: uma é a International School of Aruba, que não recebe subsídio porque o modelo de educação é o americano; a outra é a De Schakel, não sei porque ela não recebe subsídio.

Não existem creches públicas. A educação pública e o ensino oficial começam com o kleuterschool, que é a pré-escola para crianças de 4 e 5 anos. As aulas começam em agosto e no 1º ano do kleuter entram as crianças que fizeram 4 anos em outubro do ano anterior até as que fazem 4 anos em setembro do ano corrente. Como a minha filha é de 20 de setembro, ela está fadada a ser para sempre a caçulinha da turma. O objetivo do kleuter é o desenvolvimento físico/corporal, dos sentidos, da música, a autonomia, dos idiomas e o desenvolvimento psicosocial. Não se alfabetiza, o que foi um dos motivos determinantes para que nós quiséssemos vir para Aruba. Na Espanha, a alfabetização começa aos 3 anos e muitas colégios já tem uma grade curricular de fazer inveja a um estudante de medicina. Conheci um menino de 3 anos que ficou de recuperação de inglês. Eu tinha horror a que acabassem com a primeira infância da minha filha e como ela ainda não está procurando emprego, preferimos buscar outro modelo de educação. A Espanha está no último lugar em desempenho acadêmico de toda a Europa e a explicação mais plausível é que quando as crianças chegam aos 10 anos, já sofrem os efeitos da fatiga.

O equivalente ao ensino fundamental do Brasil é a basis school, que começa aos 6 anos e termina aos 12. Existem quatro tipos de basis school: as normais, as para surdos-mudos, as para crianças com dificuldade de aprendizado e as para crianças com extrema dificuldade de aprendizado, que incluem os diversos casos de deficiência mental. Existe também uma escola especial para filhos de estrangeiros que não falem papiamento ou holandês. Eles passam um ano estudando nessa escola para que possam, ao final, incorporar-se a uma escola normal. Uma das coisas que eu gosto é que no 3º ano da basis, as aulas de educação física são aulas de natação. Isso significa que todos sabem nadar, o que faz com que eu, uma adulta que não nada, seja um bicho raro para eles.

Ao final da basis, com base em toda a história escolar da criança, elas são divididas em três tipos diferentes de ensino secundário: MAVO, HAVO e VWO e é nesse ponto que o ensino é totalmente diferente do modelo brasileiro. Como esse tema é mais complexo, vou deixar para detalhá-lo em outro post.