Ontem o governo anunciou que a partir de hoje, 18 de maio de 2020 é decretado oficialmente o fim da quarentena em Aruba. Tivemos somente um caso positivo nas últimas 4 semanas e esse caso era de um familiar de uma pessoa que foi testada positivo no mês passado, o que significa que estamos há quase um mês sem transmissão local. Chegamos a 101 casos positivos de Covid-19, dos quais 93 se recuperaram, 3 faleceram e 5 estão ativos. Considerando que as pessoas que ainda estão positivas estão em isolamento, assim como seus familiares e que esse isolamento é controlado pela polícia, o sentimento que temos de momento é de bastante segurança.
As medidas de distanciamento continuam a ser recomendadas e praticadas, isso porque, de momento, as nossas fronteiras estão fechadas, mas dentro de um mês vamos abrir para outros países do reino holandês no Caribe, como Bonaire e Curaçao, que também tem a pandemia controlada. E posteriormente a ideia é abrir para outros países para reativar a indústria do turismo.
O protocolo de pandemia seguido em Aruba foi bem rigoroso, Como eu comentei no meu post anterior, os primeiros casos foram anunciados no dia 13 de março, aquela sexta feira treze fatídica. Nesse dia também começou a recomendação de quarentena, o anúncio de que as fronteiras iam fechar no dia 16, a proibição de visitas ao hospital e a asilos, o cancelamento das festividades do dia nacional de Aruba, que é 18 de março e a proibição de qualquer tipo de aglomeração de mais de 50 pessoas. Parece bastante, mas foi só o início.
Assim como aconteceu em outros lugares, muitos ficaram em casa, como nós, mas muitos continuaram saindo. Inclusive no dia 18, que foi feriado, bares, restaurantes e praias ficaram lotados, apesar das recomendações. Então, no dia 19 de março, todos os cassinos, bares e restaurantes tiveram que fechar e as atividades esportivas em grupo foram proibidas.
No dia 20 de março começou o nosso toque de recolher, das 22h até às 5h da manhã, que posteriormente foi extendido das 21h até às 6h. Os estabelecimentos comerciais tinham que ser fechados às 20h para dar tempo das pessoas chegarem em casa e cumprir o toque de recolher. Junto com o toque de recolher veio o policiamento e as multas, que eram de 1.000 florins, mais ou menos 600 dólares para quem fosse encontrado fora de casa durante o toque de queda. Nas primeiras noites centenas de pessoas foram multadas, inicialmente umas 170 e à medida que os dias foram passando o número foi diminuindo porque as pessoas levaram a sério e porque também pesou no bolso. E se a pessoa não tivesse dinheiro para pagar a multa, por exemplo? Para cada 1.000 florins de multa que ela não tivesse dinheiro para pagar existia a opção de cumprir um mês de prisão como forma de pagamento. Nas últimas semanas do toque de queda tivemos vários dias com 0 detenções.
No dia 29 de março começou o lockdown mesmo, ou seja, foram proibidas todas as atividades não essenciais e só era permitido sair de casa para buscar comida ou ir ao médico. Aqui em casa, não pusemos o pé para fora nem por esses motivos, alguns supermercados faziam entregas em casa e foi assim que a gente comprou o que precisava.
Durante todo esse tempo e desde os primeiros casos, nós tínhamos boletins diários duas vezes por dia. Às 14h, era do departamento de saúde que informava quantas pessoas tinham sido testadas, quantas pessoas tinham dado positivo e quantas estavam hospitalizadas. Uma das coisas que deu muito certo foi que foram feitos muitos testes. Se no início, o departamento de saúde só testava quem tivesse sintomas, depois de duas semanas eles mudaram de estratégia e passaram a recomendar que qualquer pessoa, com sintoma ou não, passasse no departamento deles para fazer o teste.
O outro boletim que tivemos era o do governo às 19h e nesse nós tínhamos informação dos demais departamentos, como de educação, de finanças, etc. Várias medidas econômicas acompanharam as medidas de contenção do vírus. Tanto o departamento de imposto quanto os bancos deram moratória para dívidas existentes (geralmente de meses e não perdão da dívida), donos de negócio e trabalhadores receberam dinheiro. Isso deu tranquilidade para que as pessoas pudessem ficar em casa.
Duas semanas depois dos primeiros casos de da recomendação de quarentena, a curva deu boa caída. Se antes nós dobrávamos de casos a cada 3 dias, a partir de 29 de março, ela crescia com uma exponencial que dobrava a cada 14 dias e no dia 11 de abril, menos de duas semanas depois do lockdown, ela ficou quase plana.
Nós tivemos o pico de casos ativos no dia 6 de abril e a partir desse dia, o número de pacientes recuperados passou a superar o número de novos infectados e desde então o número só caiu, com vários dias de 0 casos. Depois da segunda semana com praticamente nenhum caso novo, os boletins do governo e do departamento de saúde passaram a ser 3x por semana e não todos os dias como antes.
Aruba ainda tem um longo caminho de recuperação já que a nossa economia que vive quase que unicamente de turismo parou, mas acho que agora todo mundo está consciente das medidas de precaução. E só para finalizar, a nossa governante é mulher, assim como a ministra de finanças e as chefes de departamento de saúde e de segurança. 😀